José Rodrigues de MIRANDA (Maceió, 1907- Recife, 1985) era filho de gente humilde e morava nos subúrbios de Recife quando foi descoberto, em 1972, pelo colecionador Lucien Finkelstein, que o incentivou a pintar mais e mais e divulgou seu trabalho para o mundo, inclusive apresentando o artista a Anatole Jakovsky, referência maior da arte primitiva e autor do “Dicionário de pinturas naifs do mundo inteiro”. Assim, Miranda passou a ser um pouco conhecido, já com sessenta anos e pintou, até o fim de sua vida, a realidade brasileira através de sua lente artística. Sua arte, genial na pureza e na força estética de seu estilo, ainda não é tão conhecida quanto deveria. Por isso, em parceria com a herdeira de Lucien, a museóloga Jacqueline Finkelstein, a Galeria Evandro Carneiro Arte inaugura essa mostra de suas obras, incentivando a difusão de um talentoso artista brasileiro. 

“Miranda me conduziu até o seu quarto que lhe servia também de atelier, onde ele me mostrou uma quinzena de quadros, inclusive o último, ainda úmido e não acabado, colocado em cima do tamborete que lhe servia de cavalete. Emanava de suas obras a mesma comovente simplicidade, a força extraordinária da sua sinceridade, aquele poder comunicativo dos nossos antepassados longínquos que souberam se comunicar pelo desenho muito antes de se haver conquistado a escrita. Fascinado, em silêncio, eu saboreava intensamente aquele momento maravilhoso de descoberta de um grande artista.”

Lucien Finkelstein, colecionador, joalheiro, fundador do Museu Internacional de Arte Naif e grande incentivador/divulgador da obra de MIRANDA. Trecho retirado de FINKELSTEIN, Lucien. Miranda. Rio de Janeiro: Imprinta, 1980, p. 76.